terça-feira, 29 de março de 2011

Meta: Um Jantar


Marquei um encontro comigo mesma no aeroporto de Brasília. Meta: um jantar.
Ao sair do carro, coloquei uma flor no chapéu da estátua de Dumont no estacionamento para torná-lo um pouco mais vivo, não que ele precise como alma, mas sim como forma de concreto.

Minhas impressões:
Me senti conectada às pessoas que pararam no Spoleto naquele dia para jantar. Todos nós estávamos vindo de algum lugar, e nos encontramos um pouco antes de irmos para outro. É assim que talvez três pessoas, ao comerem fora em mesas separadas, podem se comunicar mais que três dividindo uma mesma mesa, em casa.

Senti o cheiro da loja de chocolates: era parecido com o do chocolate de guarda-chuva barato que comprava na minha infância e que antes da descoberta da gordura trans era uma lembrança inócua.

Descobri que é fácil não ter depressão quando se é criança, porque além dos muitos exercícios, se costuma ver o mundo um pouco de cima, já que tudo parecesse menor quando se está nos ombros de um pai.

Uma linda criança foi colocada em cima do batente da janela que dava para os aviões estacionados. Minha mais nova tradução para liberdade e proteção talvez esteja nessa imagem: um vidro a isola, uma mão a segura, mas por estar na ponta dos pés e fora do chão, sentia-se momentaneamente livre.

Ao fim, resolvi abraçar uma árvore. Pude sentir meu pulso. Da última vez que fiz isso, chorei compulsivamente. Dessa vez, me senti como se tivesse encontrando minha própria natureza intima, encarando-a como ela é, não como precisa ser.

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