quarta-feira, 22 de maio de 2013




A percepção das horas que passam se dá de uma maneira diferente com a idade.
A qualquer momento que você chega à casa de um idoso, ele o entregará todo o seu tempo, sem pressa alguma. Para um jovem, isso é sacrilégio, uma perda.
Quando o idoso aprende a perder, percebe que pode se tornar amigo do tempo, deixando que ele nunca vá embora sem uma parte boa dele. Assim como se faz quando encontramos companheiros que nos são muito caros.

Prisão
 
 
 
Estou presa em ações que não são a liberdade em si, mas movimentos que geram dúvida, certezas, desejos, entre outras prisões. Por mais que eu tenha a liberdade de experimentar a vida, os frutos dela própria me aprisionam.

quinta-feira, 16 de maio de 2013


 
Sobre a Certeza
 
 
A impermanência brinca de ser certa
Mas ela não me engana como antes
A essência dela continua a mesma: mudar.
Me induzindo para que eu também mude.
E a gente não precisa esperar a primavera.
Então, vamos brincar de jardim?
Eu me arrumo e você me colhe em casa.
 

terça-feira, 7 de maio de 2013



5 reflexões

1.
Um feriado. Uma ferida.

Aberta pelo tempo.
Tempo que usei pare sentir teus cabelos cinzas em minhas pernas a me causar cócegas.
E hoje a única companhia que tenho é a do vento da minha janela, soprando meu chá de canela.

A solidão sou eu mesma. Se ela vem meio torta, eu me ajeito assim mesmo com ela.
E minha solidão é sempre sonora. Se não for pelo rádio, é pelo som daquela viela.

2.

Não é justo com o sol que eu acorde triste, porque ele me levanta sorrindo com seus raios todas as manhãs. É no mínimo descortesia, não sorrir de volta.

3.
Minhas lembranças estão tão amargas quanto vinho.
E prefiro recusar repetir a taça.

4.
Eu não posso te possuir.
Nem você a mim.
Mas ficamos tentando.
Uma hora alguém cansa...
Quem vai desistir primeiro?

5.
O peso me cai sobre os olhos.
Instala-se no meu estômago.
A única coisa leve é a lágrima que cai depois dessa indigesta reflexão.

quinta-feira, 18 de abril de 2013


 
 Por que as lágrimas me caem aos olhos quando lembro da sua ausência? E assim, nesse instante,  não reprimo o choro. Ele vem. E toma seu lugar, no meu sofá, que antes era reservado a ti.
O choro é a forma que tenho de fazer você presente.
Se eu for me entreter com outra coisa, não estarei pensando em ti.
E no final das contas, tudo que quero é ficar perto daquilo que se foi.
Nem que seja pelo lado da tristeza. Nem que seja.
Porque escolho a tristeza ao invés da indiferença?
Essa  mania louca de querer ser visceral demais, profunda demais.

E viver é se entregar para o dia.Permitir que ele venha.
Abrir a porta para recebê-lo da forma que ele deseja vir.
E abraçá-lo, acolhendo como nossa própria criação mais bela.

segunda-feira, 18 de março de 2013

Fixo. Caule estático, sólido, completamente fincado no solo... imóvel.Por outro ângulo, suas folhagens suntuosas se balançam livremente, sem pressa de ir ou voltar... Apenas deixando ser embaladas pelo movimento cíclico da própria paisagem. O coqueiro não se preocupa com a intensidade do vento, ou se ele virá ou não. É possível que um dos ventos se demore em suas folhagens o fazendo sentir uma sensação de dança, euforia e êxtase. Mas, o vento tem que se despedir, e as vezes, sem que ambos agradeçam devidamente pelo momento compartilhado. O coqueiro não cobra que o vento fique ou que a dança continue e assim, deixa o vento seguir, enquanto saudoso, pode lembrar de cada movimento ocorrido. Percebendo que a impermanência é inerente ao seu processo de existir vislumbra que um novo vento está por vir. É assim que o coqueiro o recebe como se nunca houvesse dançado antes. E aquela é a primeira dança. Novamente.