quinta-feira, 30 de junho de 2011

Noite Perfeita



Fui a palestra do Lama hoje. Parei na entrada para ver o cartaz que estava na fachada e nesses milésimos de segundos um Palio colidiu com uma Kombi que tinha parado na faixa. Dois desconhecidos que nunca haviam se falado antes vão começar uma conversa agora, pensei. Se uma conversa é de fato, uma forma de contato, o carro batido os uniu para um diálogo que poderia muito bem começar com o costumeiro “Você está bem”.

Acidentes a parte, o Lama nos disse que a vida nos proporciona um tabuleiro e que temos que escolher a peça que seremos. A visão do tabuleiro é indissociável da visão do jogador, ou seja, a visão do externo vai depender única e exclusivamente de nossa visão interna. Se vemos um paraíso, é porque ele está primeiro em nós.

O ponto alto da palestra foi quando ele disse sobre o sofrimento. Logo, não adianta pedirmos pela compaixão, devemos ser a compaixão. Se alguém está sofrendo, não devemos ficar imóveis pedindo que a situação melhore, pois temos toda a capacidade de fazê-la melhorar. O mundo dos deuses na roda de samsara funciona assim: eles acham tudo perfeito e lindo, mas não agem para ganhar a iluminação e saírem enfim da roda da vida. E o que move a vida em si, não é a economia ou algo do tipo. É pura e simplesmente a compaixão: fomos criados em um lar que nos acolheu, nos proporcionou todas as possibilidades na medida do possível para chegarmos onde estamos e tudo isso, aconteceu porque havia compaixão. Posteriormente, os filhos ajudam seus pais, em retribuição a esse sentimento de compaixão. O que mais me anima é que estamos em terra pura e basta a semearmos, para recebê-la.

Queria muito mesmo que o diálogo da batida iniciado com “Você esta bem” estivesse arraigado dessa mais pura compaixão, afinal, é por ele que estamos nos movendo agora.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Todos os bebês nascem mal-humorados




A sensação de um nascimento é a mesma de quando estamos quentinhos numa coberta macia e ela é puxada de uma vez, destampando todo nosso calor, nosso sossego e nossas vergonhas. E ainda, sem ninguém para dizer "Tchan-tchan-tchan-tchan".
Se o bebê não for capaz de chorar com esse fato, apanha de leve. É muita violência para os primeiros segundos de vida... Mas, é uma imagem que gostaria de ver: um bebê nascer sorrindo, dizendo para si mesmo: "não importa, nada vai tirar meu bom humor hoje".

terça-feira, 7 de junho de 2011

Abandono



Eu amo quem fui: minhas incertezas, minhas angústias, minhas dores, meus medos.
Amo todos os passos que me trouxeram até aqui.
Amo o fato de ter a oportunidade de cuidar de mim de uma maneira diferente ou igual todos os dias.
Amo poder decidir minha roupa, uma maneira nova de entrar no carro, uma maneira de dançar com meu cachorro enquanto ele tenta fugir sorrateiro.
Amo experimentar uma nova fruta, um novo cheiro...
Mas não sou quem dança, quem lê, quem canta.
Esse é um estado que logo irei abandonar.
E será um abandono com a mesma sensação de chegada
Porque escolho fazer dele, não o inevitável, mas tudo o que é mais desejável

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Porções de Sabedoria




Fui comprar uma água de coco no bandeirante.
O senhor que me vendeu, acabou me contando um conselho que ele tinha ouvido na infância que era: para agir com lucidez diante de uma ofensa, pense três vezes no que dizer.
A primeira opção sempre é a pior e a mais encoleirizada pelo calor do momento. A segunda, mais amena e a terceira, a mais adequada.
Agir com prudência é apenas pensar três vezes sobre a mesma coisa, só que em ângulos diferentes.

Para finalizar, ele ainda me disse para agradecer a tudo, inclusive as palavras que nos ferem.
Desse modo, agradecemos a oportunidade que temos, de ouvir, enquanto muitos não a possuem.

Sabedoria Total!

sexta-feira, 3 de junho de 2011

Mundo Perfeito





O topete do meu cachorro estava a coisa mais linda de ver no mundo
Quando eu esfrego seu pelinho como se não houvesse amanhã ele se arrepia e faz: hummm...Mas só da primeira vez. Da segunda, ele já fica imune.

Hoje senti o calor aconchegante do sol e o frio da sombra
A maciez da roupa recém-passada e o cheiro do creme de cabelo

Ao sair de casa, pela primeira vez, ganhei um sonoro bom dia
De um rapaz de bandana
E uma imensa moita cantarolava com alguem dentro.

Nessa existência, não escolhi ser médica
Apesar de que,
Gostaria muito de ajudar na descoberta da cura para a aids, para o câncer, para a tristeza da alma
É por isso que com um precisão cirúrgica
Costurarei meus pensamentos e ideias para que tragam leveza
Para que sejam o sorriso que falta
O carinho que desperta, o abraço que anima.
Por que as palavras podem estar tão presentes como nossa vontade.

E assim, num dia de mundo perfeito
Ouviriamos bossa nova até o cair da noite
Vestiriamos roupas de chita com muitas cores
Dançariamos sem pensar em nada,
Convidaríamos um passarinho para um dueto
E pegariamos alguém no colo antes de dormir